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BRICS BRASIL Em visitas à Rússia e à China Lula reforça papel do BRICS e defende multilateralismo e nova governança global

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, durante a cerimônia de assinatura de Atos, no Palácio do Povo, Pequim – China | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em visitas à Rússia e à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consolidou a imagem do Brasil como um ator central para o fortalecimento do BRICS e defensor de uma nova ordem internacional baseada na cooperação e reorganização das relações internacionais entre vários países. “Apesar dos mais de 15 mil quilômetros que nos separam, nunca estivemos tão próximos”, disse Lula ao presidente chinês Xi Jinping, destacando o papel do BRICS como plataforma fundamental para a articulação do Sul Global e a construção de uma ordem multipolar mais equilibrada.

A passagem pela China, sua quarta visita oficial ao país e a terceira nos últimos dois anos, foi marcada por avanços em acordos nas áreas de inovação, energia, saúde e desenvolvimento sustentável. Em Pequim, Lula reforçou os laços com o principal parceiro comercial do Brasil, promovendo acordos bilaterais que totalizam R$27 bilhões em investimentos.

O presidente brasileiro participou de reuniões com executivos de grandes empresas chinesas dos setores de energia e defesa, que resultaram em anúncios estratégicos. Entre eles, destaca-se o investimento de 1 bilhão de dólares da Envision na produção de SAF — combustível sustentável para aviação — a partir da cana-de-açúcar, reforçando o protagonismo brasileiro na transição energética. Também foi firmado um acordo com a Windey Technology e o SENAI CIMATEC para a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento voltado à inovação em energia renovável. O documento assinado, marca um novo passo na cooperação bilateral em energias renováveis e tecnologias de baixo carbono.

Durante o Fórum Empresarial Brasil-China, Lula destacou que a parceria com a China vai além dos interesses comerciais e é decisiva para enfrentar desafios sociais, ambientais e tecnológicos. “É com a China que fortalecemos a CELAC — bloco regional que reúne todos os países independentes da América Latina e do Caribe — com o objetivo de promover a integração política, econômica, social e cultural da região como espaço de integração e concertação política”, disse, reiterando a importância do bloco para a construção de uma nova geopolítica de inclusão e solidariedade.

Lula reafirmou o compromisso brasileiro com o multilateralismo e destacou áreas prioritárias de cooperação: transição energética, segurança alimentar, combate à pobreza e inovação tecnológica. “Queremos relações mutuamente benéficas, que respeitem a soberania dos povos e promovam justiça social e ambiental”, afirmou.

Além da agenda ambiental — com destaque para a COP30, que será sediada em Belém (PA) — os resultados econômicos também foram expressivos. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de 157,5 bilhões de dólares, com um superávit de mais de 51 bilhões de dólares para o lado brasileiro. As exportações para o país asiático superaram a soma do comércio com Estados Unidos e União Europeia, evidenciando a relevância dessa parceria. Entre os produtos mais exportados estão soja, petróleo e minério de ferro, enquanto as importações brasileiras incluem equipamentos de telecomunicação, embarcações e máquinas industriais.

No período de janeiro a abril de 2025, a China consolidou-se como o principal parceiro comercial, respondendo por 26,5% das exportações e 26,9% das importações. O saldo comercial foi positivo, com um superávit de 4,39 bilhões de dólares, resultado de exportações de 28,45 bilhões de dólares (+12,2% em relação a 2024) e importações de 24,06 bilhões de dólares (+26,1%).

O dinamismo da balança comercial foi ainda mais visível no primeiro trimestre, com um intercâmbio de quase 39 bilhões de dólares, de acordo com a Comex Stat/Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC.

A missão brasileira na China também fortaleceu a cooperação na área da saúde, com a criação do Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas. A parceria entre a brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac deve posicionar o Brasil como referência em terapias avançadas, com impacto direto na autonomia do SUS e na geração de emprego qualificado.

No campo farmacêutico, outro marco foi o anúncio de R$350 milhões em investimentos para a produção de Insumos Farmacêuticos Ativos, com unidades produtivas no Rio de Janeiro. A parceria promete reduzir a dependência externa e garantir maior autonomia para o Sistema Único de Saúde (SUS), com investimentos previstos de R$350 milhões em unidades produtivas no Rio de Janeiro.

Já o Fórum Empresarial Brasil-China, que reuniu mais de 700 empresários e autoridades, resultou em anúncios robustos. A montadora GWM investirá R$6 bilhões para expandir suas operações no Brasil, enquanto a plataforma de delivery Meituan vai destinar R$5 bilhões ao mercado brasileiro, com previsão de 100 mil empregos indiretos. A CGN, estatal chinesa de energia, investirá R$3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, e a Envision liderará a criação do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina. Também foram anunciados aportes da rede de bebidas Mixue (R$ 3,2 bilhões) e a aquisição de uma mina de cobre em Alagoas (R$ 2,4 bilhões).

A visita à China reafirmou o compromisso do Brasil com a cooperação internacional e destacou o BRICS como instrumento essencial para enfrentar desafios globais como a mudança do clima e a desigualdade. Para o governo brasileiro, a presença de Lula em solo chinês reforça a disposição do país em ser protagonista da nova economia verde. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, enfatizou que os acordos assinados vão gerar desenvolvimento tecnológico, formação de talentos e instalação de centros de inovação em território brasileiro, com foco em energia solar, eólica e sistemas de armazenamento, uma área ainda carente no Brasil. Também na comitiva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que essa visita fortalece uma relação estratégica que, ao longo dos anos, tem se mostrado fundamental para o crescimento e a convergência de interesses entre as duas nações.

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