
Um levantamento sobre as votações do senador acreano Márcio Bittar (União-AC) revela uma evidente contradição entre seu discurso no Acre e sua atuação no Senado. Enquanto se apresenta ao eleitorado acreano como um defensor ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro, suas votações indicam um alinhamento significativo com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Vale lembrar que, em Brasília, o União Brasil, seu partido, ocupa três ministérios: Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes), o que não faz de Bittar um senador de postura independente/imparcial/.
De acordo com dados do portal Congresso em Foco, Bittar, no último ano, votou a favor do governo federal em 41 ocasiões; em 37 votou contra e se absteve em 22. O índice de 63% de apoio às pautas do governo Lula desmente sua narrativa pública e revela um senador que se adapta ao ambiente político conforme suas conveniências.
Entre os projetos em que o senador votou a favor do governo estão: a Medida Provisória (MP) 1.154/2023, que organizou os ministérios da atual gestão federal; a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, que reformou o sistema tributário e o Projeto de Lei Complementar (PLP) 205/2023, que prorrogou a Lei Paulo Gustavo para ações emergenciais na cultura. Os três instrumentos legais – (MP) 1.154/2023, (PEC) 45/2019 e (PLP) 205/2023 – eram considerados essenciais para o governo petista.
Essa contradição não passou despercebida. O pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, criticou duramente Bittar, afirmando:”(Márcio Bittar) Está fazendo o jogo do governo; não tem palavra esse cara. Eu quero pedir aos meus irmãos evangélicos e ao povo cristão que digam não a ele aí no Acre.”
O jornalista acreano Luis Carlos Moreira Jorge, do Blog do Crica, classifica Bittar como um “encantador político de serpentes”, capaz de conformar seu discurso ao público do momento. Assim é que, em Brasília, ele se alinha com o governo Lula; no Acre, reforça sua identidade bolsonarista para garantir apoio popular.
Embora, na política, alianças e concessões façam parte do jogo, a adoção de posicionamentos contraditórios expõe incoerência e oportunismo. Para os eleitores acreanos, o questionamento inevitável é: Marcio Bittar representa convicções reais ou apenas interesses momentâneos? Com a palavra o eleitorado inteligente do Acre sobre as artimanhas desse camaleão.